DISPLASIA DA ANCA
INTRODUÇÃO
A displasia da anca é a doença osteoarticular mais frequente em cães. É
uma doença típica de cães de raças grandes e médias e menos frequente nas raças
pequenas.
Apresenta-se como uma má congruência da cavidade acetabular (anca) com
as cabeças femorais que podem aparecer luxadas ou subluxadas, ou seja, fora do
seu lugar natural. A cabeça do fémur ao não ter um bom revestimento “dança” e
isto produz stress, inflama e debilita a articulação e os tecidos
periarticulares.
É muito frequente que apareçam mudanças degenerativas de osteoartrite. A
osteoartrite que aparece devido à displasia causará os problemas de inflamação
e dor que por sua vez farão com que o cão exerça mais peso sobre as patas da
frente e menos nas posteriores, reduzindo a actividade muscular destas últimas
e gerando a atrofia muscular que agravará os sintomas.
SINTOMAS
A partir dos 5 ou 6 meses, começam os sinais de alerta. Saiba identificar os sinais.
- O cão põe uma
perna ligeiramente mais para fora do que a outra?
- Tem dificuldade
em manter-se em pé?
- Ele adora brincar, mas evita permanecer muito tempo em
corrida?
- Mostra sinais de
dor depois do exercício?
- Escorrega com
facilidade? (muitos donos referem que determinado piso é muito escorregadio),
- Cai com frequência? (muitos donos referem que é um pouco
trapalhão e cai com frequência), Procura comer deitado?
- Balança a parte posterior? (donos referem que o meu cão
tem um andar vaidoso)
- Corre como um coelho? ( levanta as 2 patas posteriores
do chão ao mesmo tempo e contactam com o chão também em simultâneo)
- Mudanças de humor de forma repentina ?
- Não gosta de ser tocado ou escovado na zona mais
posterior?
- Por vezes, no
final do crescimento os sintomas desaparecem ou minimizam-se, ficando apenas
como sinal único o caminhar oscilante.
COMO POSSO VALIDAR A MINHA SUSPEITA?
Vamos ensinar-lhe
um teste que se tem mostrado muito útil no rastreio desta doença e que consiste
em efectuar uma extensão passiva lenta e progressiva da articulação:
1 - Posicione-se por detrás do cão , ponha uma mão sobre a garupa e com a outra
mão segure um pouco acima do joelho do lado da anca que vai testar.
2 - Lenta e progressivamente puxe o joelho para trás e para cima observando
atentamente as reacções do animal. No grau máximo de extensão o joelho está um
pouco abaixo da linha da garupa. Pare a manipulação assim que o animal der
sinais de desconforto, se for esse o caso.
3 - As reacções
possíveis são:
- Sinais de desconforto óbvio (ganir, olhar para trás e esquivar-se a esta
posição, tentar morder – cuidado!! se não tem confiança com o cão que está a
manipular não execute este teste);
- Sinais de desconforto ligeiro (os mesmo sinais mas menos evidentes, alguns
cães simplesmente deitam-se como forma de dizer que não gostam da manipulação)
-
Ausência de reacção – apesar de que alguns cães vão achar estranho esta
“brincadeira” porque não estão habituados a ela,se a repetirmos algumas vezes
dando-lhe sinais de que estamos só a brincar com ele , ele mostrará claramente
que não sente dor nem desconforto.
DOENÇA GENÉTICA / ADQUIRIDA
A displasia
da anca tem claros índices de herdabilidade. Mas, ainda que muitas vezes os
cães sejam portadores, podem não desenvolver este problema. Vários fatores
podem ser determinantes. Estes vão desde o ambiente ao desenvolvimento rápido,
nutrição e genética. Pode-se dizer que é uma doença multifatorial.
Podemos
ver filhos de pais normais com displasia ou vice-versa. Ou seja podemos ter
pais com uma imagem radiológica das ancas normais no entanto podem ter filhos cujo
as ancas são displásicas. Ou seja a herança genética que os pais transmitem aos
filhos não está restringido numa radiografia. Mas dado o elevado risco de
transmissão hereditária, deve evitar-se a procriação de cães com esta doença.
PREVENÇÃO
O excesso de peso e uma dieta que não é variada são fatores que já
demonstraram aumentar as possibilidades de padecer de displasia. Um cachorro
deve fazer um alimento de qualidade de
acordo com o tamanho que irá atingir em adulto
e respeitar a dose diária.
O
exercício em pisos adequados. Consideram-se
adequados todos os pisos em que o animal não escorregue com facilidade, que não
cause o desgaste excessivo das unhas e os pisos que amorteçam os impactos do
apoio em corrida e em salto, poupando as articulações às grandes forças que se
geram nalguns destes impactos. O exercício deve ser moderado.
O período mais crítico do
desenvolvimento desta doença é entre os 3 e os 8 meses. A redução da ingestão
calórica e o exercício físico regular poderiam ser uma solução para evitar a
displasia nesta fase.
O despiste desta doença faz-se exatamente neste período crítico. A
realização do exame radiológico sob o efeito de uma sedação profunda ou
anestesia, é obtida uma classificação do grau de displasia (grau A;B;C,D e E).
Esta classificação permite-nos tomar decisões no que diz respeito ao maneio
desta doença, para futuramente o pet não ficar com problemas osteoarticular
graves.
Nos cães idosos, os problemas são consequência da osteoartrite. Os
sintomas mais típicos são a dificuldade para levantar-se, o andar com oscilação
das ancas, a carga de muito mais peso nos membros anteriores, dificuldades
visíveis para pôr-se sobre os posteriores, subir escadas, entrar no carro ou
subir para o sofá. A posição típica adoptada por um cão com osteoartrite da anca
é com as patas abertas para aumentar a base de apoio e a cabeça inclinada para
a frente para ter mais peso na parte anterior. Também é visível a atrofia
muscular que existe nos posteriores.
Por vezes, observa-se que apresentam claudicação que desaparece depois
de caminhar por um breve período de tempo; que sofrem mais pela manhã ao
levantar-se, sobretudo se não descansaram de forma correta ou num colchão
adequado; que colocam as patas fletidas enquanto caminham,
realizando passos curtos uma vez que a extensão das ancas lhes dói. A duração
dos passeios reduz-se, o cão senta-se ou deita-se e não tem vontade de sair.
Por norma os nossos pets não vocalizam a dor, a dor é silenciosa. Ainda que o seu pet não emita sons de dor deve
valorizar todos os sinais que revelam o desconforto e a dor.
Existem inúmeras formas de o ajudar o seu pet. Independentemente da
idade . Atualmente temos ao nosso dispor de variadíssimos recursos ( fármacos ,
suplementos, alimentação diectática adequada, laser e fisioterapia).
Seja qual for o problema estamos ao vosso dispor.
Marque uma consulta de avaliação ortopédica.
Artigo redigido por Isabel Jorge - Médica Veterinária