quinta-feira, 13 de outubro de 2016

DOENÇA ARTICULAR - SIM OU NÃO?

“- O meu cão é cachorro , hiperactivo ,come e brinca mas de vez em quando cocheia do membro anterior .É muito tonto e provavelmente magoou-se durante a brincadeira …vou ao veterinário?
-Não ,vou esperar um ou dois dias para ver se melhora …
-Melhorou?
-Não está pior mas às vezes cocheia ,outras vezes não…devo ir ao veterinário?
-Sim “

Quando temos um cachorro não esperamos lidar com problemas articulares ,mas existem patologias que afectam os cães jovens e que são muitas vezes sub-diagnosticadas quando os sinais clínicos são desvalorizados …

Neste contexto , apresento a Panosteíte

A panosteíte é uma patologia auto-limitante de etiologia desconhecida, que afeta  os ossos longos como o úmero, rádio, ulna, fêmur e tíbia.
A panosteíte envolve áreas diafisárias, metafisárias e tubulares de ossos longos. É caracterizada por fibrose medular, ou seja, uma nova deposição óssea no endósteo e perióteo.
Além do nome panosteíte, é também conhecida como osteomielite juvenil, enostose, panosteíte eosinofílica, ou ainda, panosteíte canina.

 Pode estar correlacionada com fatores hereditários, doenças virais, bacterianas, vasculares, metabólicas e endócrinas.
 Os animais afetados  apresentam claudicação de um ou mais membros (simultaneamente ou sequencialmente) e dor à palpação.

Predisposição : 

- Cães jovens (4 a 12 meses de idade)
- Pode ocasionalmente ocorrer em  animais adultos (20% dos casos)
-  É mais frequente em raças de grande porte, especialmente Pastor Alemão
- Existem outras raças com predisposição :Scottish Terrier, São Bernardo, Doberman, Pinscher, Setter, Golden Retriever, Labrador e Shnauzer miniatura.
- Os machos são mais afectados que as fêmeas

Sintomas

-Dor que pode ser exacerbada  após firme pressão nas diáfises dos ossos afetados.
-A dor manifesta-se com claudicação intermitente
- A claudicação ocorre espontaneamente, sem história de traumatismo recente. 
-Pode estar associado letargia e hipertermia
- Os sinais clínicos podem persistir  entre 2 a 9 meses e se resolvendo geralmente com 18 a 20 meses de idade, quando a severidade do ataque vai sendo reduzida.


Diagnóstico por Exames: 


Avaliação laboratorial

A hematologia e o perfil bioquímico sérico são mantidos normais.

Radiografia

A radiografia é o exame de eleição para o diagnóstico da panosteíte.





As lesões radiográficas caracterizam-se por aumento difuso ou focal de densidade, acentuando a cavidade medular.
São evidentes alterações no aspecto radiográfico normal das diáfises e metáfises dos ossos longos (úmero, rádio, fémur e tíbia), existindo raros casos descritos de lesões no ílio e metacarpos. 
As alterações radiográficas começam por um ligeiro aumento da densidade óssea medular caracterizada por proliferação de tecido fibroso intra - medular, depois com a proliferação de osteoblastos e a formação e calcificação de novo osso intramedular a radiopacidade torna-se evidente.

1-Pelvis, 2-Área afetada Panosteíte, 3- Femur 


Durante a resolução da patologia, as áreas afetadas reduzem gradualmente de tamanho e densidade.
Os sinais radiográficos podem persistir por vários meses após o desaparecimento dos sintomas clínicos.


                                                                 Artigo redigido por Luisa Nunes - Médica Veterinária 

1 comentário:

  1. Animais com diagnóstico de panosteíte (em fase de desenvolvimento) deve ser retirado de reprodução na fase adulta?

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