segunda-feira, 24 de outubro de 2016

DISPLASIA DA ANCA

DISPLASIA DA ANCA


INTRODUÇÃO

A displasia da anca é a doença osteoarticular mais frequente em cães. É uma doença típica de cães de raças grandes e médias e menos frequente nas raças pequenas.
Apresenta-se como uma má congruência da cavidade acetabular (anca) com as cabeças femorais que podem aparecer luxadas ou subluxadas, ou seja, fora do seu lugar natural. A cabeça do fémur ao não ter um bom revestimento “dança” e isto produz stress, inflama e debilita a articulação e os tecidos periarticulares.
É muito frequente que apareçam mudanças degenerativas de osteoartrite. A osteoartrite que aparece devido à displasia causará os problemas de inflamação e dor que por sua vez farão com que o cão exerça mais peso sobre as patas da frente e menos nas posteriores, reduzindo a actividade muscular destas últimas e gerando a atrofia muscular que agravará os sintomas.




SINTOMAS

A partir dos 5 ou 6 meses, começam os sinais de alerta. Saiba identificar os sinais.
- O cão põe uma perna ligeiramente mais para fora do que a outra?
- Tem dificuldade em manter-se em pé?
- Ele adora brincar, mas evita permanecer muito tempo em corrida?
 - Mostra sinais de dor depois do exercício?
 - Escorrega com facilidade? (muitos donos referem que determinado piso é muito escorregadio), 
- Cai com frequência? (muitos donos referem que é um pouco trapalhão e cai com frequência), Procura comer deitado?
- Balança a parte posterior? (donos referem que o meu cão tem um andar vaidoso)
- Corre como um coelho? ( levanta as 2 patas posteriores do chão ao mesmo tempo e contactam com o chão também em simultâneo)
- Mudanças de humor de forma repentina ?
- Não gosta de ser tocado ou escovado na zona mais posterior?
- Por vezes, no final do crescimento os sintomas desaparecem ou minimizam-se, ficando apenas como sinal único o caminhar oscilante.




COMO POSSO VALIDAR A MINHA SUSPEITA?

Vamos ensinar-lhe um teste que se tem mostrado muito útil no rastreio desta doença e que consiste em efectuar uma extensão passiva lenta e progressiva da articulação:

1 - Posicione-se por detrás do cão , ponha uma mão sobre a garupa e com a outra mão segure um pouco acima do joelho do lado da anca que vai testar.

2 - Lenta e progressivamente puxe o joelho para trás e para cima observando atentamente as reacções do animal. No grau máximo de extensão o joelho está um pouco abaixo da linha da garupa. Pare a manipulação assim que o animal der sinais de desconforto, se for esse o caso.

3 - As reacções possíveis são:
- Sinais de desconforto óbvio (ganir, olhar para trás e esquivar-se a esta posição, tentar morder – cuidado!! se não tem confiança com o cão que está a manipular não execute este teste);
- Sinais de desconforto ligeiro (os mesmo sinais mas menos evidentes, alguns cães simplesmente deitam-se como forma de dizer que não gostam da manipulação)
- Ausência de reacção – apesar de que alguns cães vão achar estranho esta “brincadeira” porque não estão habituados a ela,se a repetirmos algumas vezes dando-lhe sinais de que estamos só a brincar com ele , ele mostrará claramente que não sente dor nem desconforto.



DOENÇA GENÉTICA / ADQUIRIDA

A displasia da anca tem claros índices de herdabilidade. Mas, ainda que muitas vezes os cães sejam portadores, podem não desenvolver este problema. Vários fatores podem ser determinantes. Estes vão desde o ambiente ao desenvolvimento rápido, nutrição e genética. Pode-se dizer que é uma doença multifatorial.
Podemos ver filhos de pais normais com displasia ou vice-versa. Ou seja podemos ter pais com uma imagem radiológica das ancas normais no entanto podem ter filhos cujo as ancas são displásicas. Ou seja a herança genética que os pais transmitem aos filhos não está restringido numa radiografia. Mas dado o elevado risco de transmissão hereditária, deve evitar-se a procriação de cães com esta doença.




PREVENÇÃO

O excesso de peso e uma dieta que não é variada são fatores que já demonstraram aumentar as possibilidades de padecer de displasia. Um cachorro deve fazer um alimento de qualidade  de acordo com o tamanho que irá atingir em adulto  e respeitar a dose diária.
O exercício em pisos adequados. Consideram-se adequados todos os pisos em que o animal não escorregue com facilidade, que não cause o desgaste excessivo das unhas e os pisos que amorteçam os impactos do apoio em corrida e em salto, poupando as articulações às grandes forças que se geram nalguns destes impactos. O exercício deve ser moderado. 
 O período mais crítico do desenvolvimento desta doença é entre os 3 e os 8 meses. A redução da ingestão calórica e o exercício físico regular poderiam ser uma solução para evitar a displasia nesta fase.
O despiste desta doença faz-se exatamente neste período crítico. A realização do exame radiológico sob o efeito de uma sedação profunda ou anestesia, é obtida uma classificação do grau de displasia (grau A;B;C,D e E). Esta classificação permite-nos tomar decisões no que diz respeito ao maneio desta doença, para futuramente o pet não ficar com problemas osteoarticular graves.

Nos cães idosos, os problemas são consequência da osteoartrite. Os sintomas mais típicos são a dificuldade para levantar-se, o andar com oscilação das ancas, a carga de muito mais peso nos membros anteriores, dificuldades visíveis para pôr-se sobre os posteriores, subir escadas, entrar no carro ou subir para o sofá. A posição típica adoptada por um cão com osteoartrite da anca é com as patas abertas para aumentar a base de apoio e a cabeça inclinada para a frente para ter mais peso na parte anterior. Também é visível a atrofia muscular que existe nos posteriores.


Por vezes, observa-se que apresentam claudicação que desaparece depois de caminhar por um breve período de tempo; que sofrem mais pela manhã ao levantar-se, sobretudo se não descansaram de forma correta ou num colchão adequado; que colocam as patas fletidas enquanto caminham, realizando passos curtos uma vez que a extensão das ancas lhes dói. A duração dos passeios reduz-se, o cão senta-se ou deita-se e não tem vontade de sair.
Por norma os nossos pets não vocalizam a dor, a dor é silenciosa. Ainda que o seu pet não emita sons de dor deve valorizar todos os sinais que revelam o desconforto e a dor.


Existem inúmeras formas de o ajudar o seu pet. Independentemente da idade . Atualmente temos ao nosso dispor de variadíssimos recursos ( fármacos , suplementos, alimentação diectática adequada, laser e fisioterapia).
Seja qual for o problema estamos ao vosso dispor.
Marque uma consulta de avaliação ortopédica.


 Artigo redigido por Isabel Jorge - Médica Veterinária 


Sem comentários:

Enviar um comentário